quinta-feira, 24 de abril de 2008

[On]

[On]

Arredores de Morroc, quadrante 03.

05:22 AM.


Cheguei em casa lá pelas 5 da manhã. O sol ainda nem sonhava em nascer, e por conta disso quase me perdi no mato. Devo estar muito atordoada, mesmo, pra ter me perdido naquele arvoredo que conheço tão bem. Pior do que isso, só se eu me perdesse no feudo onde nasci...

Pra minha surpresa, Roberuto estava de pé, zanzando pela casa totalmente atarantado. Claro, ao jeito dele. Levou um susto quando me viu, e começou a me interrogar, perguntando tudo o que tinha acontecido. Ele já sabia que eu tinha sido presa; isso virou notícia em toda Morroc, e tudo que acontece por lá chega aos ouvidos dos mercenários em primeira instância. Fez questão de observar meu corpo, pra ver se eu não tinha nenhuma marca, cicatriz ou sinal de tortura, e de perguntar sobre a criança. Foi uma das primeiras coisas que ele fez, aliás.

Até aí, correu tudo como eu planejei: tomamos café juntos, contei a ele tudo o que aconteceu, depois fomos dormir. Acordei lá pelas 3 da tarde, com o almoço e uma bronca me esperando. Ele estava feliz por não ter acontecido nada no final, mas me repreendeu por ter sido tão descuidada e não ter lutado como devia. Aliás, eu nem devia ter lutado.

Ele contou tudo o que tinha se passado durante a minha ausência: ele descobriu pela Guilda dos Mercenários que eu havia sido capturada, e que estava sob a custódia de Akahai Shora em pessoa. Depois, ele chamou cada informante que conseguiu encontrar, e foi reunindo as informações: em que cela eu estava, o que se passava, o horário da segurança, a alimentação. Na verdade, me surpreendeu o fato de que ele sabia mais coisas do que eu. Estava tão atordoada na prisão que nem lembro o que comi.

Tomei um banho e troquei de roupa. Depois disso, fui forçada a deitar de novo. Fazer o que... ao menos aqui posso dormir sem medo de acordar com um furo a mais.



17:56 PM.

[Off: Aqui meio que muda o ponto de vista xD A coisa começa a acontecer mesmo, ela não está só narrando.]


Foi estranho.

Num instante, eu estava de olhos fechados, apenas sentindo a maciez da cama nas minhas costas. Estava tão leve que quase dava pra sentir a tatuagem na minha pele. Então, abri os olhos, e não estava mais deitada; estava flutuando. Ao redor, nada, a não ser uma escuridão profunda. Porém, não era como a escuridão de Ifaro; eu não estava com medo, nem assustada, nem receosa, nem nada disso. Não havia o que temer, eu estava tranqüila...

De repente, tudo mudou: uma espécie de brisa soprou, me deixando mais leve e tranqüila ainda... mas ao mesmo tempo, parecia que tinha mudado alguma coisa. É quase como se ela tivesse me atingido por dentro...

Senti algo tocando meus pés. Quando olhei pra baixo, havia um círculo desenhado ao meu redor. Mesmo assim, não senti medo. Era como se alguém estivesse passando um lápis invisível, que deixava uma marca de luz nas trevas, e ia desenhando...

O círculo começou a ser preenchido com uma espécie de líquido, vermelho-enegrecido, como se fosse lava, mas ao mesmo tempo tão diferente... aquilo começou a borbulhar, e 4 pilares surgiram ao meu redor. As bolhas, então, dispararam e colaram no meu corpo. Era frio, mas ao mesmo tempo aconchegante. Era como um abraço, como uma canção de ninar, algo tão relaxante...

Quando fui totalmente coberta pelas bolhas, o líquido e os pilares derreteram e tudo escorreu, voltando para o círculo inicial. E outro círculo apareceu, no “chão” bem em frente a mim, feito do mesmo líquido. Novamente os pilares se ergueram, e as bolhas foram caindo, agrupando-se e formando algo. Quando elas se desprenderam, havia uma pessoa ali, parada, me encarando.

Eu mesma.

A outra Lenna piscou lentamente, como se não tivesse mais nada pra fazer na vida. Os pilares derreteram, os dois círculos sumiram, ou melhor, se apagaram. Então, ela estendeu a mão pra mim, e eu fiz o mesmo. Sua expressão estava séria, o olhar gélido. A brisa soprou novamente, e ela sussurrou algo bem baixinho, algo que não consegui ouvir... e um calor enorme no peito...

Bem nessa hora, abri os olhos. Olhei ao redor, meio atordoada, e me deparei com o quarto de Roberuto, com as janelas abertas e um cheiro de mato no ar. Era noite; dava pra ouvir o barulho das cigarras ao longe, e o farfalhar das folhas sacudindo com o vento.

Rolei na cama, tentando dormir de novo, mas estava acordada demais. O sonho não saía da minha cabeça. E por alguma razão, minhas mãos estavam estranhamente quentes, não um calor comum, mas como se uma estranha energia estivesse concentrada nelas...

Já estava desistindo de tentar ver a continuação, quando um barulho lá fora me chamou a atenção. Era algo chamativo demais para ter vindo de Roberuto, já que ele normalmente era sorrateiro como um gatinho. Mesmo assim, meu sexto sentido dizia que não era nada para se preocupar, então apenas levantei e me espreguicei, sem muita pressa de ir ver o que era. Mas não foi preciso fazer isso, porque no momento em que ergui os braços, a porta se abriu.

- Lenna-san! – Kyrie entrou no quarto, sorridente como sempre. Ao ver que eu estava acordada, correu ao meu encontro, me dando um abraço apertado e aconchegante. Depois, me encarou. – Nossa, você está muito bem pra quem esteve uma semana nas mãos do seu “pior inimigo”!

Ela fez um gesto estranho com as mãos ao dizer o “pior inimigo”.

- É uma longa história... – virei pro lado meio envergonhada; não queria falar do que aconteceu de novo. Mesmo assim, não consegui disfarçar que a presença dela ali me animava.

- E devo dizer que essa roupa nova combinou bem com você! – ela pôs a mão em meus ombros, sorrindo como uma criança ao ver minha vestimenta, um baby-doll branco e verde com estampa de coalas. – Sabe, fica muito melhor do que aquele seu uniforme de arruaceira. Devia considerar usá-lo mais vezes...

- Acho que não, obrigada. – empurrei-a delicadamente. – Não seria nada divertido sair atacando pessoas de pijama. E uma idéia maluca dessas só podia ter vindo de você...

A sacerdotisa sorriu como se aquilo fosse um elogio. Então, sem aviso nenhum me empurrou na direção da cama.

- E você pode ir deitando aí, mocinha! Roberuto está preocupado com vocês dois, então vamos já fazer um exame!

Era no mínimo engraçado ver aquela garota baixinha me empurrando. Apenas me deixei levar. Acho que só quem teria tal intimidade comigo além dela seria Lilium. Por um instante a imaginei naquela situação, se divertindo com a idéia de ser tia, e meu coração apertou.

Deitei na cama e tirei a parte de cima da roupa, pra ficar um pouco mais confortável. Kyrie começou a tatear meu ventre, do jeito que só ela sabia fazer, com uma expressão concentrada.

- Você ficou triste de repente, Lenna-san... aconteceu alguma coisa? – seus olhos levemente puxados me encaravam com brilho curioso. Deitei a cabeça no travesseiro, olhando pro teto.

- Não foi nada... apenas lembrei da Lilium... – suspirei. – Ela daria tudo pra estar no seu lugar, esperando pro um sobrinho com uma ansiosidade talvez até maior que a minha. Me pergunto como ela está agora...

- Não se preocupe, ela está bem... Pietro-kun está cuidando dela. Ele é da Milícia, pode informá-la perfeitamente sobre tudo o que descobrir... Ela parecia bem mais animada da última vez que a vi. Lembro que quando você foi embora foi um baque tão grande pra ela...

- Já chega, Kyrie, não quero mais falar disso. – interrompi. O aperto se tornava mais forte a cada segundo. – Já soube o que precisava saber.

A menina concordou com a cabeça e voltou a se concentrar no exame. Algum tempo depois, voltou a me chamar.

- Pelo que eu vi, parece estar tudo em ordem... basta não forçar muito a situação daqui em diante.

- Depende do que você quer dizer com “forçar”.

- Forçar significa se meter em encrenca e em confusão. Por exemplo: ser presa, brigar, se exaltar, se envolver demais com produtos químicos ou tóxicos, beber...

- Até isso?! – pulei de repente na cama. – Não vou poder beber durante todo esse tempo?

- Pode beber se quiser, mas depois não venha me culpar se seu filho nascer com alguma anormalidade. – ela se levantou e foi em direção à porta. – Está muito cansada? Robby está aí, queria conversar com você...

- Achei que tivesse vindo sozinha.

- Não, ele queria bater um papo com Roberuto-san. Você sabe, queria por o papo em dia com o irmão... mesmo porque se você lembrar, ele também vai ser tio daqui a pouco tempo. Ele ficou preocupado quando soube que você foi presa, sabe? Então, se não estiver muito cansada...

- Não se preocupe, está tudo bem. – levantei também, me espreguiçando. – Gosto de receber visitas...

Fomos até a cozinha, onde os dois papeavam. Havia duas xícaras jogadas na mesa: como sempre, Kyrie não tinha perdido tempo e foi logo fazer chá, mesmo sendo visita. Robby discutia alguma coisa empolgado, enquanto Roberuto apenas escutava tudo atentamente, com o semblante sério de sempre.

- Ah, e aí está a futura mamãe! – o mais velho sorriu excitado, apontando um dedo pra mim àquela maneira dele. Apenas dei um tchauzinho com a mão. – Nossa, o que foi todo aquele fuzuê do Shora por sua causa? Que loucura... ainda bem que esses dias não fui fazer nada praquelas bandas.

- Ué, e porque a preocupação? – sentei em uma cadeira ao lado de meu marido, enquanto Kyrie ia direto pro fogão providenciar mais chá. – Você nem tentou matar o homem...

- É, mas ele prendeu você, não foi? Nossa, se eu tivesse posto meus pés lá, só de ver aqueles guardas vestidos de urubu eu ia querer entrar lá no castelo quebrando tudo e gritando “Bora, podem passar minha cunhadinha pra cá!”.

A sacerdotisa riu, enquanto seu marido brincava de abater soldados invisíveis.

- E você tem mesmo que me chamar de cunhadinha?

- Tenho. – ele respondeu, depois voltou a distribuir machadadas no ar.

- Ora vamos, é só uma forma carinhosa de lhe chamar, Lenna-san! – ela colocou mais 4 xícaras cheias de chá quentinho em cima da mesa. – mas mudando de assunto... sobre o que estavam discutindo, vocês dois? A conversa me pareceu meio séria...

- Qualquer coisa é séria quando esse aí tá no meio, amor. – o ferreiro apontou para o irmão, que não disse nada. Apenas tomou seu gole de chá e se virou pra mim.

- Robby e eu estávamos conversando a respeito da sua segurança. Essa captura foi muito repentina, nos pegou de surpresa, e com essas suas missões pelo Moore você anda muito vulnerável. E essa é a última coisa que quero a essa altura do campeonato.

- Veja bem baby, - o próprio Robby tomou a palavra. – a Milícia anda doida pra por as mãos em você, e o velho lá também não liga muito pra sua vida contanto que você o ajude a reviver Morroc. E se isso já é perigoso normalmente, imagina com um filho na barriga! Ixi... não quero nem pensar se alguma coisa acontece com vocês dois.

Encarei os dois, pensativa. Eles estavam mesmo falando a verdade; qualquer coisa que acontecesse comigo daqui pra frente poria em sério risco tanto a minha vida quanto a da criança. E isso seria um problema se eu queria mesmo ser mãe.

- Bem, e qual é o veredicto?

Roberuto deu de ombros.

- Ainda estamos pensando numa solução. Claro, eu estarei sempre de guarda aqui, qualquer coisa que atravessar aquela porta pra tentar encostar em você será picada em pedacinhos. Mesmo assim, você não pode mais ficar isolada aqui... os exames da Kyrie são meio superficiais...

- Ei! – a garota berrou em protesto. Seu marido sorriu e foi até ela, abraçando-a. O mercenário não deu ouvidos.

- ... Temos que ter toda a atenção possível pra tratar de você. Além disso, - ele olhou o casal a meu lado. – vocês acabaram de se mudar, precisam de um tempo pra curtir essa nova vida. Kyrie não pode ficar à nossas disposição 24 horas por dia.

- Tem razão... – concordei. Tomei um gole de chá. – Mas então, qual seria a solução? Eu... eu não confio em mais ninguém... Lilium não pode se envolver nisso, e Pietro é o único a quem ela ainda escuta... o que vamos fazer?

- Bem, foi exatamente nessa parte que eu parei. – Robby voltou a se pronunciar. – Eu e a Kyrie-chan discutimos isso ontem à noite, e pensamos em uma solução pra vocês. Só não sei se vai dar muito certo...

- E o que seria? – perguntei.

- Se mudar.

Encarei o ferreiro por alguns segundos.

- Faz... faz idéia do que está dizendo? Você quer me tirar da segurança de uma casa segura e bem escondida aqui no meio do deserto de Sograt, pra um covil de pedra onde a coisa que mais tem é gente querendo me matar?

- Epa, epa, epa. – ele sacudiu as mãos em negação. – Vamos parar por aí. Você comete um leve erro, cunhadinha: eles não querem a você, só querem a Lenna Monbars.

- ... Que por acaso, sou eu. Onde está a genialidade disso? – eu não estava entendendo bulhufas, mas Roberuto se mexeu de um jeito que sinalizava compreensão.

- Pense, cunhadinha. E se por acaso você não fosse Lenna Monbars, eles iriam continuar te perseguindo?

Então a ficha caiu. Olhei os dois, Robby com o sorrisinho sacana de sempre, Kyrie sentada a seu lado com um sorriso aberto e espontâneo.

- Um... disfarce?

- A idéia não é de todo ruim. Se conseguirmos mesmo nos estabilizar com a nova identidade, estaremos seguros por um bom tempo, talvez não só até a Lenna ter o filho. – Roberuto me encarou. – E não é só isso. Poderemos viver como pessoas normais...

Ele disse exatamente as palavras mágicas. Tudo aquilo que eu queria.

- Ah, não, peraí, dá um tempo! – levantei, batendo o punho na mesa. – Vocês fazem idéia do que estão me sugerindo? E se... e se tudo der errado? E se Ryan cansar de mim, e resolver me entregar pra Milícia? Aliás, e se ele mesmo vier atrás de mim. E se... aliás, pra que cidade nós iríamos mesmo?

- Isso é fácil! – Kyrie levantou e tirou um mapa-múndi de trás de si. Afastou as xícaras e desenrolou-o sobre a mesa, usando os pires para segurar o papel. – è só escolher uma cidade, um nome falso, e voilà, vida nova!

- Literalmente... – completou Robby.

Roberuto e eu nos debruçamos por alguns segundos sobre o mapa, olhando cada canto, cada cidade, cada quadrante. Seu irmão foi o primeiro a falar.

- Que tal Aldebaran? É uma cidade boa o bastante, não é lá muito grande, mas vive sempre cheia...

- Não, já passei tempo pra uma vida inteira lá. – respondi. – E sinceramente, não sei se quero voltar um dia.

- E se fosse Geffen? – sugeriu Kyrie.

- Só se você quiser que eu seja pega. Pietro é bruxo, vai pra lá constantemente. A chance de nos encontrarmos lá é grande.

- Bem, nesse caso... – ela foi riscando as cidades em um papel à parte. Olhou para o mapa novamente. – Prontera não, Morroc menos ainda... e se fosse Comodo?

Dessa vez foi Roberuto que sacudiu a cabeça.

- Lenna era freqüentadora assídua de todos os cassinos e tavernas de lá. Seria loucura ir pra lá.

- Bem, praticamente nenhuma das cidades de Rune-Midgard serve então... – a sacerdotisa analisou o papel em suas mãos. - Alberta é reduto de mercadores, qualquer um deles poderia contar a Lilium que você foi vista. Izlude é a sede dos Chamas, nem pensar. Hmm... Payon fica aqui pertinho...

- Marienne. – disse simplesmente. Ela entendeu o meu recado e riscou o nome na lista, chateada. Robby espiou a lista por cima do ombro da amada.

- Olha só, e se você fosse pra um dos reinos aliados? Sabe, Louyang, Kunlun... e se você quiser ficar em Amatsu, acho que a Kyrie ainda tem uma casinha por lá...

- Pietro vive viajando pra Louyang também, Ayothaya também não me é estranha, e Akahai e Hitori são Amatsunianos. Não seria uma boa se meter pra lá... mesmo porque eu não conseguiria me adaptar aos hábitos deles.

Kyrie fez uma carinha de descontentamento por ter falado de seus hábitos natais. Mesmo assim, disfarçou e olhou no mapa mais uma vez.

- Veins? – sugeriu Roberuto, pensativo. – É longe o bastante...

- Até demais. – suspirei. – Ah vamos, não é possível que não tenha uma opção cabível...

A baixinha, então, suspirou e me encarou.

- Nesse caso, só tem uma opção cabível pra você.

- Que seria...

Ela deixou o dedo branco correr no mapa, parando em cima de uma certa cidade.

- Lighthalzen.

Engoli em seco.

- Ah, não... não tem outra? Einbroch... Juno... qualquer uma! Tem que ser logo essa?

- Einbroch é poluída demais, iria fazer mal pra criança. Juno é a capital da República, é uma das cidades mais seguras. E Rachel é uma cidade sagrada, você não pode por os pés lá... sinto muito, Lenna-san...

Desabei na cadeira e suspirei. Minha única opção de ter uma vida normal era justamente na cidade onde meus piores traumas residiam. Roberuto me confortou, esfregando meus braços.

- Não se preocupe com isso agora. A cidade não é a mesma de quando você era criança. Muita coisa deve ter mudado... e você também. Confie em mim, vai dar tudo certo...

Fechei os olhos e suspirei mais uma vez.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

[On]
Arredores de Juno, quadrante desconhecido.
07:23 AM.

Ifaro apareceu aqui hoje. Depois de dias e dias sem vir me procurar, ele apareceu, o que prova que quem é vivo sempre aparece. Gentil como de costume. Me criticou até o fundo da alma e me chamou de covarde por não agir logo. Também riu de mim por minhas ações em Morroc. Dormi naquela escuridão que ele sempre provoca, com as tentações dele ecoando em meus ouvidos.

Mas de tudo que ele falou, a notícia que mais me chocou foi a que eu no fundo já sabia, só me recusava a acreditar: vou ter um filho.

De repente, tudo ficou claro pra mim. O mal estar, os enjôos, a falta ou o exagero de apetite nas piores horas possíveis. Minha menstruação também não tinha aparecido nesse mês. Deus, com fui demorar tanto pra reparar?

Os pensamentos estão completamente perdidos em minha mente agora. Talvez essa seja a chance que eu tanto pedi: uma família, um marido e um filho, uma vida nova, longe de Morroc, de Akahai, de toda essa gente, dessa guerra maluca em que vim me meter... só nós três, e mais nada atrapalhando...

Porém, é exatamente isso que me preocupa. Em que mundo será que meu bebezinho vai nascer? Será que ele terá direito a viver como todos os outros, será que ele só ficará por ser filho de uma Cultista? Ou será que ele nem mesmo terá essa oportunidade? Meu Deus, como vou viver desse jeito? Um filho...

Posso ter sacrificado muitas coisas até agora, mas ele não é uma das que está na minha lista de sacrifícios recentes. A notícia poderia ter chegado a mim de uma maneira muito melhor, mas não tem importância. Saber disso foi uma das melhores coisas que já me aconteceram, e não vou abdicar dessa minha felicidade, por mais curta que seja. Meu filho vai nascer, e viverá feliz.

Nem que eu tenha que morrer pra isso.


Arredores de Morroc, quadrante 03.
14:16 AM.

Ryan me deixou com uma coisa pra pensar ao sair de casa esta manhã: quer que eu vá na minha primeira missão como agente dele. Disse que vai me preparar para um confronto direito com Akahai e sua trupe, e que eu posso matar quantos e quem eu quiser. Estou um pouco hesitante com relação a essa missão: alguma coisa dentro de mim me diz que tem algo a mais aí...

Roberuto disse que não há motivo pra ficar assim, pois se eu precisar ele estará pronto para intervir no que quer que seja. Mesmo assim, não consigo... morro de medo que a Milícia faça algo de mal a ele. Sei que ele sabe dar seus pulos, mas somos só eu e ele contra Akahai e mais uma pá de gente... fora os amigos e aliados espalhados por aí.

A cada dia que passa minha situação se complica mais... mais problemas, mais inimigos e agora um filho pra cuidar. Ainda estou um pouco preocupada com essa coisa toda de estar grávida. Me pergunto o que vai acontecer daqui pra frente...

Mesmo assim, estou contente... saber dessa criança me trouxe novas esperanças. Contei a Roberuto não faz muito tempo, e ele também ficou radiante. Estávamos deitados como sempre, e contei da forma mais natural que consegui achar. Ele parou por um minuto, encarando o teto, depois me perguntou mais umas dez vezes se eu tinha certeza, se não era engano, se ele tinha ouvido direito. E quando finalmente ele caiu em si, disse bem baixinho: “Um filho... meu filho...”, com o sorriso mais lindo e sincero que eu já vi.

Todos reclamam tanto de mercenários, porque eles são insensíveis e matam as pessoas e tudo o mais. Mas eu tenho orgulho de dizer que só eu conheço o sorriso que meu marido deu naquela hora. Me sinto tão bem agora... quero logo que essa criança nasça e traga alegria pra todos nós. E que possamos ser uma família normal e feliz...

Espero sinceramente que isso se realize.


Farol de Faros.
[Um dia depois]
2:12 AM.


[On]

Definitivamente, nunca estive tão confusa quanto hoje. Aconteceu tanta coisa... minha cabeça está latejando, meu corpo está meio dolorido, não sei bem porque, e esse enjôo não me deixa... acho que essa semana teve uma carga muito exaustiva. Até demais...

Pra começar, fui capturada há exatamente uma semana atrás. O ataque à Milícia falhou, por alguma razão que não entendo direito. A magia que Ryan jogou em mim se dissipou, e todos puderam me atacar livremente. O resultado foi que Akahai, Ryu, Voormas, Falcon e ainda por cima Kieru me cercaram e me derrubaram em dois tempos.

Quando acordei de novo, já estava na cela do calabouço, com Pablar e a tal da Rachiele me olhando como se eu fosse um bicho. Ele bem que tentou me ajudar, mas não podia simplesmente deixar ele se aproximar assim. Só aceitei os remédios que ele me passou porque Akahai me deixou com um corte enorme na coxa, e eu acho que morreria se não desse um jeito naquilo.

Poucos minutos depois o próprio Akahai chegou, dispensando a todos e começando imediatamente a sua sessão de tortura. Socos, chutes, cortes e hematomas... e mais dois ou três cortes nas coxas. Quando ele finalmente saiu, eu estava completamente tonta, quase desmaiando. Não sei como não morri nas mãos dele... ou talvez saiba.

No outro dia, mais tortura, mais dor e mais discussão. Ele descobrira de alguma maneira que eu estou grávida, e prometera que não ia machucar a criança. Mas em compensação, acho que ele socou cada parte do meu corpo que não estava relacionada com a gestação...

A estadia era uma tortura em si. Não conseguia dormir de jeito nenhum, tanto pela insônia quando pela dor, e passava a noite tremendo de frio, ouvindo Ifaro gritar comigo, tentando dar um jeito nos ferimentos e rezando. Acho que nunca me arrependi tanto de ter me aliado a Ryan Moore.

No fim, tudo que o demônio dizia era verdade; fui tola em acreditar nele. Aquele carinho e conforto que ele me passava no fundo não era nada, e na minha primeira falha ele simplesmente deixou pra lá. Como era de se esperar dele... não devia ter baixado a minha guarda. Entrei no culto já sabendo que ele não era lá flor que se cheire, e fui justamente confiar nele. Droga...

Akahai estava comigo em tempo integral, dormia na frente da cela e comia junto comigo quando os guardas traziam as refeições. O medo de que eu fugisse era tão grande que ele chegou a transferir todos os outros presos para outras alas, para que eu não tivesse contato com mais ninguém a não ser ele.

Claro que a comida dele era diferente da minha... ele adorava usar isso pra me chantagear. A primeira coisa que ele reparou foi que eu poderia recusar qualquer coisa dele, menos a comida. Sempre que ele me entregava o prato, eu comia muito rápido, como se ele pudesse puxar de novo a qualquer momento. Cheguei até a me sentir constrangida depois. E parecia que eu estava sempre com fome... depois de um tempo pensando sobre isso (tinha bastante tempo pra pensar ali), conclui que isso era coisa da gravidez.

Tive sérios problemas quando ele finalmente descobriu a tatuagem. Em uma das sessões de tortura, ele me jogou no chão, e como a manga do meu casaco estava rasgada, ele notou a ponta do desenho pra fora, e não perdeu tempo. Rasgou o resto da roupa e perguntou o que significava cada coisa, usando a ponta da espada pra me “convencer” a falar. Dei um monte de explicações tortas, inventei coisas... que o convenceram completamente. É fácil de fazer uma pessoa acreditar no que ela quer acreditar. Akahai está cego devido ao ódio por Moore, e usei isso a meu favor... entretanto, essa foi uma das noites mais frias, e sem o casaco achei que ia morrer. Ifaro veio me atentar, acho que entrei em desespero... não me lembro bem, nem tenho certeza se Shora viu. Só sei que lá pelo raiar da manhã (deduzo eu), estava deitada no chão, me abraçando e cantando uma música que ouvi há muito tempo atrás. Nossa, acho que eles dois devem ter rido tanto da cena...

A semana se arrastou dessa mesma maneira. Sabia que era de manhã graças ao enjôo. Lá pelas 7 chegava o café, eu comia e ficava esperando o almoço. Vinha o almoço, eu ficava esperando o jantar. Eu comia novamente, e ficava esperando o frio ou o enjôo, o que viesse primeiro. Tudo isso pontuado pela ira de lorde Shora. De vez em quando, fazia curativos. E assim os dias iam se arrastando...

Quando foi hoje, Akahai finalmente deixou o posto, deixando três sentinelas de guarda. Calculei que era hora da reunião da Milícia, e que provavelmente ele voltaria com todos os outros membros pra mais uma sessão de tortura. Mas na verdade, não estava sequer com forças pra reagir; a fome e os curativos malfeitos tinham me enfraquecido muito, e eu acho que naquelas condições morreria até mesmo confrontando Piedoroshi desarmado e sem usar magias. Tanto é que quando todos chegaram, eu estava simplesmente sentada, pensando: “Bem, adeus, mundo cruel... adeus Lil, desculpe se não fui útil....”.

Minha primeira surpresa foi que Piedoroshi estava com uma capa de bruxo. Lilium deve ter ficado muito orgulhosa quando soube... deve ter sido a única alegria dela em semanas. Ela parecia tão triste no dia do ataque à Morroc... Rachiele estava lá também, representando a Equilibrium. Eles devem ter um interesse particular nisso, já que querem impedir o Ragnarok... também estavam lá Ryu Baterson, Pablar, Lupusferocius (que estava de prontidão pro caso de eu morrer), e três pessoas que eu não conhecia: uma arqueira, um espadachim e um espiritualista, do qual já ouvi falar vagamente.

Akahai fez questão de entrar na cela e reiniciar a tortura sem rodeios, provavelmente pra demonstrar a todos o que aconteceria com traidores de agora em diante. Ele me puxou, me socou, chutou, bateu meu rosto contra as grades... nada de novo. Porém, por alguma razão, aquilo doía mais do que o normal... acho que tudo aquilo tinha me deixado fragilizada. Finalmente, Akahai cravou a espada em minha coxa, enquanto o Bispo curava o ferimento. Sentir a pele se curando e abrindo de novo doeu mais do que qualquer coisa que ele já tinha feito antes. Quase cedi naquele momento...

Minha sorte foi que Pietro interferiu, dizendo que aquilo era crueldade demais, e Rachiele e Pablar o apoiaram. Akahai cedeu, mas não por pena; ele retirou a espada simplesmente pra voltar a me golpear, dessa vez bem no meio do peito. E pensei imediatamente: “Vou morrer...”.

Porém, quando abri os olhos de novo, estava longe da masmorra do Castelo De Morroc; estava deitada num chão de pedra, com o uniforme de arruaceira completo e intacto, e o corpo completamente curado e sem dor... a Milícia estava ali, e assim que me viram começaram a me questionar sobre onde estavam e o que tinha acontecido. Ignorei, tentando me concentrar pra lembrar de tudo...

Foi nessa hora que todos começaram a ver vozes e ilusões, e entendi imediatamente o que estava se passando. Ryan havia nos teleportado para o Mundo dos Pesadelos... a princípio fiquei com medo, mas ao ver que nada dali estava me afetando, conclui que Ryan estava querendo prejudicar apenas a Milícia. Mesmo assim, nada se encaixava... apenas fui seguindo com eles, sem saber direito o que fazer. Akahai estava com medo, algo que eu nunca tinha visto antes... por um instante cheguei até a me perguntar se ele teria feito tudo aquilo comigo se soubesse que iria parar ali.

A cada passo que dava, ouvia Ifaro sussurrando em meus ouvidos, e uma dor de cabeça começava a me atingir. Mas só entrei em desespero mesmo quando chegamos a um lago, e Pablar insistia em me jogar na água, dizendo que aquilo tinha o segredo pra nos tirar dali. Cruzamos a ponte, e ele me ameaçou mais uma vez. Foi quando o medo me dominou e eu acordei...

Foi estranho. Era como se eu estivesse caindo dentro do nada... e quando pisquei novamente, estava deitada, encarando o teto polido da casa de Ryan. Passei alguns minutos pra me recompor do choque. Então, ele me explicou: eu nunca fui capturada... desde que ele me colocou na missão, não era eu: eu estava deitada confortavelmente em minha cama, dormindo...

Ryan usou magia para moldar um cadáver, deixando-o com minha aparência. Com todos os detalhes perfeitos... até a cicatriz e a tatuagem nas costas. Depois, usou a mesma magia para conectar o cadáver à minha mente... assim, eu controlaria psiquicamente o cadáver, achando que estava mesmo vivenciando tudo. Por isso, quando acordei meu corpo estava intacto, assim como o que apareceu no Mundo dos Pesadelos... porque aquele era meu verdadeiro eu, não o cadáver.

Toda a tortura, a dor, o medo, nada disso era real... era mais uma das ilusões de Ryan. Então, quem sou eu? O que aconteceu de verdade? O que aconteceu com meu corpo esse tempo todo? E meu filho? Será que ele está bem? Será que está tudo bem mesmo?...

Mas não é só isso. Ryan fez um ritual assim que eu acordei, e trouxe Volt Elétron de volta à vida...

Nesse momento estou na torre mais alta do Farol, escondida. O sol já se pôs há muito tempo, mas isso não tem importância... só quero ficar aqui por um tempo. A brisa marinha está tão gostosa hoje... não sinto fome, nem sono. Poderia ficar aqui pelo tempo que quisesse, talvez até passe a noite aqui... Moore me deu permissão pra ficar fora uns dias, pelo tempo que eu quiser, desde que venha assim que ele chamar. Acho que não precisa mais de mim agora que tem a Volt de novo... e eu sinceramente não vou reclamar disso. Preciso de um tempo longe...

Assim que sair daqui vou pra Payon, pra casa de Roberuto. Vou abraçá-lo e beijá-lo, comer alguma coisa bem gostosa, passar a noite com ele e dormir tranqüila, acordar na manhã seguinte sem medo, sem preocupação alguma... talvez até chame a Kyrie pra dar uma olhada na criança.

Ou pelo menos eu queria que fosse assim.

Minha dor de cabeça não passa, meu peito está tão apertado que parece que vai explodir... acho que se pudesse desligar meus pensamentos, já teria feito há muito tempo. Não sei mais o que faço. Seguir Ryan Moore se torna a cada dia mais perigoso, mais desgastante... não consigo esquecer absolutamente nada. O medo e a fúria que me dominaram quando tive os poderes de Morroc em minhas mãos. Todo o sofrimento que Akahai me fez passar. As noites de frio, fome e terror no cárcere. O medo de perder a criança...

Já não sei mais se sigo minha razão ou meu coração. E acho que nunca senti tanto medo na vida como hoje... quero ir pra algum lugar onde eu possa me esconder, ficar deitada ali chorando que nem uma criança como agora... algum lugar onde não haja ninguém pra me culpar; onde eu possa ficar em paz.

Vai ficar tudo bem... não há com o que se preocupar... tudo vai se resolver, e você será coberta de gratidão eterna. Você será a mais prestigiada, a melhor de todas... todos irão ser eternamente gratos... e aí ninguém poderá deixar você de lado... nem ela, nem ninguém... ela vai te perdoar, e vai voltar a te amar...

E só fui notar uma coisa agora, depois de ter saído da prisão faz um bom tempo: hoje é meu aniversário.

Bon anniversaire, petit Lenna. Tu as 22 ans maintenant... j’épere que ton fille tiendra la même chance.

Ne pleure pas...

[Off]

Ufa! Postzinho loooooooongo esse, né? Mesmo assim, foi ótimo escrevê-lo xDD Eu escrevi o primeiro em separado, depois reaproveitei um rascunhinho que tinha feito pra fazer o primeiro, dela falando e talz. E saiu isso aí! ^_^

Acho que uma das cenas mais depressivas que já escrevi da Lenna foi essa. E eu também não tava lá muito legal no dia... ainda por cima, bem na hora em que eu ia descrever como ela se sente, começou a tocar a música que a Sakura canta no Tsubasa (You Are My Love, dá pra baixar no gendou, é só se registrar pra poder baixar, e talz). Foi TRISTE.

Falando em tristeza, tive uns problemas em casa, muita confusão mesmo .-. passei uma semana horrível. Tava com os textos prontos, mas nem postei, não tava com cabeça (mesmo porque, no dia em que sentei aqui no 1A0 pra postar, peguei justamente um mouse daqueles que a setinha fica teleportando na tela, aí já perdi a paciência). Ainda tinha mais coisa pra colocar aqui; vou aproveitar o tempo livre hoje de madrugada (LOL), pra tentar escrever a cena seguinte, de quando a Kyrie e o Robby vão visitá-los e dão uma idéia irrecusável... ou quase xD

No mais, é isso ^^ Esses dias agora eu já tô bem melhor, resolvi (quase) tudo que tava me atormentando, e ando num astral muito bom... e descobri que eu tenho uns amigos muito danados o_o Ru que o diga >DD Sinceramente, o que ele fez pra tentar me ajudar, cara... coisa de louco /o/

Ando só com um pouco de saudade do resto do pessoal... inclusive do povo que eu só falo na internet. Ando sem tempo pra acessar o forum .-. No fim, nesse tempo que vou ficar longe (pra poder me reorganizar, e tudo), acho que a única coisa que ainda vai me sobrar com relação a role-plays é esse blog xD Mas tudo bem.

Isso é tudo, acho... e prometo que da próxima vez tento postar mais cedo =x

Mon. o/

terça-feira, 1 de abril de 2008

[ON]
Farol de Faros.
18:37 PM.

Mais um entardecer...

Morroc estava uma verdadeira loucura hoje. Não sei exatamente o que está acontecendo, mas parece que outra revolta divina atingiu Rune-Midgard. Chegaram aos meus ouvidos relatos de que coisas muito estranhas estariam acontecendo; primeiro, o roubo de uma espécie de tesouro. Depois, um estranho ataque às forças de investigação que subiram a torre de Aldebaran atrás de respostas. Tudo muito misterioso... parece que nada se encaixa. Porém, isso tudo seria supostamente obra de deuses. Deuses?

Resolvi dar uma volta pela cidade, pra ver se pegava alguma informação, nem que Akahai Shora que seqüestrasse e me torturasse até a morte. E assim que ponho os pés em Morroc, surpresa: orcs por todos os lados. Juro que nunca tinha visto tanta gente louca em toda a minha vida. Vi alguns membros da Milícia esparsos, e a Chama Prateada em peso tentando controlar a situação com mais um milhar de gente nas frentes de batalha. Bagunça, desespero, desorganização... mais parecia uma guerra cheia de amadores. E bote amadores nisso.

Em dado momento consegui ver Lilium. Ela estava junto dos Chamas e de Piedoroshi, que provavelmente tinha se perdido de seu próprio pelotão. Não parecia bem, estava um pouco machucada... cheguei até a vê-la desmaiando, e sendo reanimada por um elfo logo em seguida. Santo elfo... tive que resistir muito à tentação de sair correndo até lá para falar com ela. Acho até que nesse descuido todo Piedoroshi me viu... talvez Lilium também tenha visto. Bem, contanto que fiquem de boca fechada, não haverá problema nenhum.

Cansada de só olhar pra Lilium, dei um jeito de sair dali e colher mais informações. A notícia que corria era a de que um tal de general Dhutt estava tentando dominar a cidade para assumir-se rei, ou qualquer coisa do gênero. Ele conseguiu até mesmo dominar a arena de batalha de Morroc. Certamente, aí estava uma coisa muito interessante de se ver... mandei todo o sigilo para o alto e fui dar uma olhada. Um cara dizendo ter poderes divinos e tentando dominar a cidade... fui até a arena de batalha, e foi aí que a aventura se tornou extremamente perigosa:

Akahai estava lá, de prontidão, se preparando para provavelmente lutar contra o tirano que havia invadido sua cidade. E no meio daquela confusão toda, ele me viu. O ódio o dominou por inteiro, e ele partiu pra cima de mim sem hesitação nenhuma, sem dizer uma palavra sequer. Parecia mesmo que queria me matar... tive que recuar e fugir. Não era hora de confrontá-lo, muito menos de morrer...

Passei um bom tempo ali, observando a cena. Uma horda de lutadores cheios de sangue avançando impiedosamente contra Dhutt, e ele esquivando e liquidando todos sem nem se mostrar preocupado. Porém, mesmo assim acho que o poder dele nem se compara ao poder de Morroc. E justamente por essa semelhança entre ele e o demônio-rei, me surgiu uma dúvida na cabeça: afinal, quando ele finalmente renascer e der seus passos contra toda essa multidão infiel, será a mesma coisa de hoje? No fim, eles são todos iguais? E o que é o “poder”, afinal?

Estou no farol agora, o sol já está se pondo. Só quero descansar e ficar um tempo sozinha, já que logo vou ter que subir o deserto novamente até Comodo, pra de lá dar um jeito de voltar para a casa de Ryan. Não tenho certeza se a luta na cidade já terminou, e também não quero nem saber. Akahai deve estar lá como um louco, lutando com sua vida pra proteger a cidade que ele tanto ama.

Admito que ataquei alguns orcs sim, e não posso dizer que foi simplesmente porque estavam me atacando. Na verdade, por ser uma ex-miliciana senti que deveria fazer aquilo, pelo menos pra deixar as memórias daquele tempo descansarem em paz. Eu até me senti bem de novo, maltratando todos aqueles acéfalos verdes. Me pergunto o que o grande lorde Shora diria se soubesse de tudo isso...

Definitivamente, não foi um dia bom.


Arredores de Juno, quadrante desconhecido.
03:37 AM.

Não agüento mais ter pesadelos. Quando foi a última noite que dormi direto, sem esses malditos sonhos me enchendo? ...Inferno. Queria que Ryan me dispensasse pra dormir em casa também, mas isso é impossível. Ele não me daria tanta liberdade assim. O jeito vai ser fazer o mesmo método de antes; trocar o dia pela noite. Passar a noite acordada aqui dentro dessa casa, vagando pelos cantos e lendo livros desesperadamente, e sair cedo de manhã, pra me enfiar nos braços do meu marido e poder ter sonhos em paz.

Hoje não saí muito; fiquei uma parte do dia treinando perto de casa, e outra em casa mesmo, descansando. Como se já não bastasse a insônia, agora tem esses enjôos irritantes. Sinceramente, quando isso vai parar? Devo estar sob muito stress psicológico, só pode ser isso. Queria achar algum jeito de desafogar a mente, mas não faço idéia...

Boris apareceu hoje aqui. Disse que foi o 1º dia da Marienne como membro da Milícia, e ela já começou levando uma espadada na barriga. Bem típico. Contou coisas interessantes, o fantasminha... a única desvantagem de conversar com ele é que tenho que usar os poderes de Ifaro para ouvi-lo. Até ele tem medo do demônio... dá pra sentir isso. E isso é aterrador, considerando que ele passou anos e anos estudando artes das trevas. Deus do céu, em que buraco fui cair?...

Ainda segundo ele, parece que mais um Cultista foi morto pelo próprio Ryan. Ainda não perguntei nada a ele sobre isso, e pra falar a verdade tenho até medo de perguntar... conhecendo os padrões dele, o coitado não deve ter tido uma morte nada gloriosa. Morroc de um lado, a Milícia do outro... que situação!

Na verdade, essa situação me lembra a de alguém...

[OFF]

Minha semana foi uma loucura total. Semana de prova na faculdade, acho que nunca fiz tanta besteiraem toda a minha vida... ontem o prof. de Eletrônica deu as notas pra quem fez só a provinha. Pelos meus cálculos, devo ficar com um 6 no boletim... normal. Não fede, nem cheira. Tô preocupada com o resto das notas... e com o que o papai vai dizer quando pegar meu boletim. Nesse dia eu morro >_<

Nem pareço aluna de faculdade... u.ú

Tava tendo evento da LUG esses dias. Sinceramente,virou uma bagunça geral... se bem que nesse dia que a Lenna apareceu em Morroc, a coisa até que tava mais tranquila. Souberam organizar um pouquinho melhor separando o mob de gente em 2... pena que no fim, o que não vai ter jeito de salvar vão ser as premiações. No fim,quem vai ganhar os títulos vai ser quemmenos merece... u.u

Tô torcendo muito pro Akahai ou pro Kerdied ganharem alguma coisa. Poxa,eles se matam há anos por esse servidor... se fosse eu já tinha desistido =/


Preciso muito tirar umas férias. Ando tão cansada... às vezes não sei nem mais o porquê. Ontem fui deitar cedo, umas 11 horas, me bateu um sono tão forte...

Marienne estreou no eixo de RP daMilícia. Muito fofa /o/ Vou me divertir bastante comela em Rp's. E o aniversário da Lenna tá chegando...vou pedir pro Aka um presente beeeeeeeeeem especial >D

Mon.

domingo, 23 de março de 2008

[ON]
Arredores de Morroc, quadrante 03.
16:14 PM.


Finalmente, voltei pra casa.


Ryan me liberou há ontem. Não sei se foi porque achou que já estava na hora, ou porque ele estava esperando algo acontecer, ou mesmo que ele tenha percebido que eu já estava subindo pelas paredes. Foram 3 semanas, 21 longos dias ao lado dele e de mais ninguém. E o pior, sem poder sair. Odeio ficar tanto tempo sem fazer nada. Perdi todo esse tempo sem treinar... ele deveria me dar força, e não me impedir de tê-la!

Foi um alívio muito grande quando ele chegou pra mim e disse que eu poderia sair na manhã seguinte pra onde quisesse. Acho que eu seria capaz de beijá-lo se ele não fosse quem é. Tanto é que hoje, o sol nem tinha nascido quando saí. Finalmente um intervalo daquela rotina torturante, estudar muito, dormir pouco, sem treinos e com um enjôo horrível ao acordar. Mesmo que fosse pra voltar à noite...

Rumei direto pra Payon. Nem demorou tanto; talvez fosse a minha ansiosidade pra chegar que tenha me distraído do tempo que normalmente se leva naquele emaranhado verde. Quase chorei quando avistei de longe aquela casa toda torta escondida no meio do mato.

Roberuto atendeu a porta com surpresa. Com certeza, pensava que era a Kyrie. Me olhou com uma expressão de susto à moda dele: apenas os olhos passando o que sentia. Acho que nunca abracei ele tão forte em toda a minha vida. E pensar que há 3 semanas atrás, quando Ryan me levou embora, eu não fazia idéia se o veria de novo...

- Está tudo bem? Está machucada? O que aconteceu? – ele me afastou pra poder olhar meus olhos. Apenas sacudi a cabeça.

- Está tudo bem agora... tudo muito bem...


Arredores de Payon, quadrante 03.
[2 dias depois]
08:32 AM.


Dormi o dia todo assim que cheguei. Só deu tempo de namorar um pouco e comer alguma coisa decente. A falta de sono e alimentação de confiança estavam me levando à loucura. Assim que entardeceu, ele me acordou, e só me deixou partir quando prometi voltar no dia seguinte. Ryan só me impôs uma condição: voltar pra lá toda noite, do contrário ele iria pessoalmente me buscar onde quer que eu estivesse. E eu espero não dar motivos pra ele fazer isso tão cedo...

Como era de se esperar, ele me perguntou sobre cada passo que dei do lado de fora. E me questionou sobre Roberuto. Acho que nunca fiquei tão envergonhada em toda a minha vida. O que ele falou me deixou pensando por um longo tempo...

Ontem, saí cedo de novo. Acho que avistei alguém da Milícia perto de Aldebaran, mas acho que foi só impressão mesmo. Muita chuva pros lados da floresta. Porém, não tive tanta sorte assim: Roberuto me esperou com o café da manhã pronto, e assim que entrei na cozinha e senti aquele cheiro de comida vomitei de novo. Ele está preocupado com isso, por mais que eu tente convencê-lo de que está tudo bem.

Passamos o dia conversando. Contei a ele tudo que era possível. Mesmo estando longe, tenho medo de que Ryan absorva meus pensamentos e resolva me punir... dormi mais um pouco. Dessa vez voltei mais tarde, e Ryan não disse absolutamente nada. Estou lentamente voltando a dormir com ele por perto.

Hoje Roberuto e eu vamos sair pra treinar. Não sei bem aonde, mas ele disse que é um lugar muito especial. Mas pra mim, isso não interessa. Só quero poder cravar a adaga em algum monstro de novo, e será ainda melhor se ele estiver por perto...



[OFF]
Hoje não teve RP T_T Já tô ficando seca de vontade. Primeiro a avó do Aka adoece, e depois, duas semanas de 2xp... não que eu esteja reclamando do 2x! xDDD
Pie virou bruxo! /o/ No próximo post boto a Lenna encontrando ele, e panz. E graças ao Dynamo, posso rebaixar Blood+! /o/
Robby tá jogando comigo no pbro. Fazia tanto tempo que a gente não upava junto... felicidade! /o/ Agora meu problema é a carga horária na faculdade. Trabalhos e provas me sufocando... =/

Mon.

sexta-feira, 14 de março de 2008

[On]
Arredores de Juno, quadrante desconhecido.
23:37 PM.

Já faz alguns dias que estou morando com Ryan Moore. Pra ser mais exata, desde que me afastei da Milícia de vez. Pra mim, isso tudo ainda é muito estranho, saber que Akahai agora é meu inimigo declarado, que todos na Milícia querem no mínimo a minha cabeça em uma bandeja de prata... me pergunto como Piedoroshi está. Pena que tenhamos de ficar inimigos...

Desde que cheguei não saio mais de casa. Ryan passa o dia fazendo toda sorte de coisas. Basicamente, lê livros, limpa a casa e cozinha. Ajudo ele algumas vezes, mesmo não sabendo fazer muita coisa. Não vou nem tentar cozinhar, posso acabar envenenando ele sem querer... ele é um homem muito gentil, e às vezes me pergunto como pode se tornar tão cruel ao agir sob as ordens do Culto. Também penso se já foi casado. Ele me trata como uma filha, carinhoso e atencioso, e é aí que mora o perigo. Não quero me tornar íntima dele, apesar de tudo, mas ao mesmo tempo, ando extremamente carente, não sei nem porque, e ele sempre me trata desse jeito...

Também fala muitas coisas sobre Morroc. Sobre tempos antigos, sobre Impérios... porém, ainda não me falou de nada que realmente me interessasse: a ressurreição. Tampouco sobre os amuletos... se é que vai chegar a falar. Apesar de tudo, Ryan não confia em mim... e eu não o culpo, afinal, se eu traí a Milícia o que garante que eu também não vá trair o Culto? Afinal, gente da minha laia nunca muda mesmo... não passo de uma traidora, mesmo...

Ele também me mostrou os restos mortais da Ana. Contou o que houve com Volt Elétron... e isso me assusta. Deus, se cada erro de um veterano é punido com a morte, imagine o que não fariam comigo? Além disso, acho que até a morte seria melhor do que os castigos de Ryan, pois ele não mata simplesmente, ele aprisiona a alma e a impede de descansar...

Nesses últimos dias não tenho conseguido dormir. Isso é um problema... ele tem a capacidade de ler pensamentos, e a última coisa que quero é ele passeando pela minha mente. É o único lugar em que posso ficar realmente sozinha, protegida de tudo, e ele quer tirar até isso de mim? Nem Ifaro é tão cruel.

Ainda não selei meu pacto com Ifaro. Ele ainda não apareceu para falar comigo, e pra falar a verdade, não sei se quero que ele apareça mesmo. Uma aliança com ele talvez seja um passo perigoso até demais... mas por outro lado talvez seja a minha única chance de sair viva. E mesmo ele não tendo se manifestado, sei que ele está agindo, do contrário Ryan já teria me punido...

E ainda por cima tenho acordado com enjôo. Que droga, o que mais falta me acontecer? Sinceramente, levantar vomitando não é pra mim. De maneira nenhuma posso deixar que Ryan descubra sobre isso. Será que estou doente? Não sei... talvez eu só precise de um pouco de ar fresco. Se ao menos eu pudesse ficar lá fora, treinando...

segunda-feira, 10 de março de 2008

[ON]
Farol de Faros.
[3 dias antes do ataque à Akahai Shora.]
Hora desconhecida.

Três dias depois de nosso casamento, Roberuto e eu saímos de viagem, da velha cabana em Payon, em direção ao Farol pra resolver um assunto. Era pra estarmos em lua-de-mel , mas parece que só o fato de termos passado 3 dias em perfeita paz e tranqüilidade na cabana já tinha sido uma dádiva. Foi tudo perfeito, vivíamos namorando e dormindo e só levantávamos pra comer alguma coisa rápida ou tomar banho juntos.

E então, antes mesmo de nos considerarmos marido e mulher, já estávamos com o pé na estrada de novo. O mais estranho foi que ele não deu nem um pio sobre tudo aquilo; apenas expliquei o que queria fazer e ele disse que vinha junto. Agradeço muito ao apoio dele. Sinceramente, sem ele não sei o que faria...

Chegamos ao Farol. Estava mais deserto do que o normal; dei um pulo rápido na guilda (Rô teve que ficar do lado de fora, pra não gerar uma nova guerra entre mercenários e arruaceiros) para pegar o salário do mês pelas missões, e Marky me falou por alto que estava tendo uma grande quantidade de assaltos às embarcações, e que eles não estavam dando conta de vigiar o porto.

Pela maneira que ela falou, era uma missão, e com certeza pagaria bem; mas não dei muita importância. A coisa que tinha que fazer era bem mais importante que aquilo, e eu não estava a fim de perder tempo. Sondei mais algumas informações de que precisava, guardei meu dinheiro muito bem guardado e pegamos a estrada novamente.

Já estávamos andando há umas duas horas quando finalmente demos de cara com a casa. Não havia como não reconhecer, já tinha ido ali milhares de vezes, e agradeci por não terem se mudado. O problema é que estava muito diferente do que eu lembrava. Tanto que se não fosse a dica dos arruaceiros, talvez não tivesse reconhecido. Aliás, diferente é pouco: o lugar parecia ter sido arrasado por umas 300 tempestades de areia.

Era uma cabana bem simples: um andar só, pequena, toda de madeira com o teto de palha. A areia tinha tomado conta de boa parte da frente, tapando parte do chão da entrada. As janelas estavam lacradas, e uma tela tentava evitar que a terra invadisse ainda mais.

Roberuto fez questão de deixar bem claro que não gostava dali.

- É, eu sei que é meio horrivelzinho, mas estamos no lugar certo, sim. – disse pra ele. – Não tem como errar. Só não pensei que aquele moleque pudesse deixar isso daqui assim...

Dei um passo à frente e bati. A princípio, nenhuma reação, mas quando ia bater de novo passos soaram do lado de dentro.

- Argh, que é? Marky, se for você de novo atrás daquela adag...

Então a porta se abriu. Na soleira, apareceu um rapaz alto e magricela. Tinha um lado dos cabelos roxos curtos e meio espetados, enquanto o outro era mais comprido e estava preso com um pedaço de pano fino, arrancado de algum lugar. Os olhos castanho-claros dele bateram direto com os meus.

- Olá, Finn. – disse.

- Len... – ele deu um pulinho pra trás e quase caiu no chão. – Lenna! Que surpresa! Eu... não esperava você por aqui tão cedo...

Ele foi recuando, preocupado. Senti Roberuto preparar a guarda para o caso de correr atrás do moleque. Apenas estendi a mão à altura do peito dele.

- O que foi, fedelho? Está assustado em me ver? – fui andando pra cima dele, invadindo a sala da casa. – Será que tem alguma coisa te incomodando?

- Bem... é que... sabe como é, depois que você entrou pra Milícia... não, não me entenda mal, não é que tenha algo errado por aqui, mas... er, ahn...

- Fica frio, Finn. – uma outra voz, mais autoritária, soou de dentro de uma porta. – Ela não está em serviço. Veio atrás de um favor.

Um rapaz magro, com braços fortes, se encostou no batente do outro lado. Usava uma calça do uniforme de arruaceiro, e estava sem camisa. Os cabelos azuis compridos estavam presos por um rabo-de-cavalo meio folgado na nuca. Seus braços eram completamente tomados por cicatrizes e tatuagens. Também havia desenhos, em menos quantidade, estampados no peito. Tragava um cigarro tranqüilamente.

- Mas, senhor...

- Cala a boca, já mandei. Agora, passa pra cozinha e vai separar o jantar, vai!

Finn levantou-se, agoniado, e entrou pela porta o mais rápido que pôde. O homem se desencostou e veio até mim.
- Terphes. – cumprimentei. Ele acenou com a cabeça retribuindo. Em seguida, apontou para Roberuto com o queixo.

- E o mercenário aí? Espero que não cause problemas pra nós.

Roberuto, contra a luz do sol, apertou o olhar em uma menção de atacar, mas entrei na frente dele com o corpo sem tirar os olhos de Terphes.

- Eu nunca lhe trouxe problemas, você sabe disso. E não vou começar agora que preciso de você.

Ele concordou com a cabeça.

- É, tem razão. E falando em trazer...

Desamarrei um saco de pano que trazia preso à cintura e joguei em cima da mesa mais próxima. Ele abriu-o, deu uma examinada minuciosa, e voltou a me olhar.

- Trato é trato. Conheço as regras. – respondi.

- Se conhece... – e assoviou, olhando o conteúdo. – Primeira qualidade. Sinceramente, gatinha, não sei onde você consegue essas coisas...

Senti meu marido fumegar ao ouvir o “gatinha”, mas não disse nada. Não era hora de comprar briga.

- E então, podemos começar? – suspirei.

- Agora mesmo. Finn!

O rapaz entrou apressado, trazendo uma colher suja na mão. Encarou o chefe, perplexo.

- S... Sim, senhor?

- Cancele o almoço por enquanto. Prepare o escritório. E a dosagem terá de ser dobrada, senão não fará efeito. Entendeu?

O garoto acenou afirmativamente e voltou para o cômodo. Alguns minutos depois, veio chamar.

- Tudo pronto, senhor.

- Ótimo. Volte pra cozinha e termine tudo. Vocês – ele se virou pra mim, - venham comigo.

Ele entrou, e Roberuto foi logo atrás. Seguimos por um corredor onde havia uma porta fechada e outra aberta, que dava pra cozinha, até uma escada de pedra. Descemos alguns lances, até chegar em uma sala pequena no subterrâneo da casa. Não havia muita coisa lá, só um banquinho, uma maca com amarras e várias posições de ajustes, uma mesa com apetrechos e um sofá ao canto.

- Então, finalmente resolveu meter a cara. Seu medo de passar em branco é tão grande assim, Lenna? – Terphes me acompanhou até a maca, onde me encostei, e fez um gesto para que Roberuto se sentasse no sofá. Ele nem se mexeu.

- Digamos que precise disso pra me lembrar de quem eu sou de verdade. – resmunguei, séria. – Pra não me perder no meio de tantas mentiras.

- Entendo... – o rapaz soltou um rápido suspiro, olhando de relance pro mercenário, e depois voltando-se pra mim, pegando um pozinho de um frasco. Tirou um pouco com uma colher de medida quase cheia e dissolveu em um copo pequeno de água. – Vai ser lá mesmo? Logo sua primeira?

Acenei com a cabeça. Rô ficava cada vez mais desconfiado. Terphes jogou mais uma colher cheia, mexeu, derramou o líquido em um lenço dobrado e me olhou.

- Bem, então podemos começar.

Em um movimento brusco, ele esfregou o pano no meu nariz, e imediatamente senti meu corpo perdendo as forças. Caí de joelhos no chão, ao mesmo tempo em que a lâmina da katar ia roçando o pescoço dele.

- Não, Rô... – sussurrei, fraca. Tentei agarrá-lo, mas meus braços estavam pesados. – Está tudo bem... é assim mesmo... sedativo...

Ele não se convenceu, porém. Agarrou o arruaceiro e aproximou um pouco mais a katar da pele.

- Explique-se.

- Isso é o procedimento normal, cara. Relaxe, não quero matar sua namoradinha. É só pra fazer com que ela não sofra mais do que deve.

- Ah, é? – seu tom de voz era feroz, porém controlado. – E como posso saber que você não a envenenou? Acho bom dar uma explicação bem convincente...

- Confie nele, Rô. – falei de novo. – Paguei o preço que ele pediu, até a mais. Nesse caso, ele não tem motivos pra me matar.

O mercenário ainda me encarou com olhar de desconfiança. Terphes voltou a falar.

- Escuta só, cara, isso é só um sedativo comum, pra dopar ela. Se eu não fizer isso vai doer bem mais. Pode examinar, se quiser, mas não pegue pra você. – e entregou o vidro aberto na mão de Roberuto, que o cheirou. - Na verdade, apesar de eu ter dado uma dosagem bem potente, ela ainda tá acordada. Se fosse veneno já tinha feito o efeito que tinha que fazer. Agora, será que pode me dar uma mão pra levantar ela? Osso e peito também pesa...

Nunca vi Rô olhar tão irritado pra alguém em toda a minha vida. Mesmo assim, ele se abaixou e ajudou o arruaceiro a me colocar de bruços na maca. Terphes sentou no banquinho e me encarou.

- E então, como se sente?

- Não consigo me mexer direito... – disse.

- Sente alguma coisa? – ele foi apertando o meu braço com os dedos, depois cravando as unhas na pele.

- Perfeitamente. – ele largou meu braço imediatamente. - Acho que seu anestésico não é muito bom...

- Não é bom pra envenenados em geral. – riu-se, virando pra bancada e preparando materiais. – Duvido que uma pessoa normal não se renda só de tragar um tiquinho disso aqui.

Terphes continuou preparando seus instrumentos de trabalho, concentrado. Então se virou, com uma caneta preta na mão.

- Tá, vamo lá... consegue soltar a roupa?

Me ergui com um pouco de dificuldade e fui soltando os fios da frente do casaco. Rô me carregou pelos ombros, pra que não tivesse que levantar da maca nem fazer esforço, e quando terminei tratou de puxar pra baixo o casaco vermelho, deixando uma parte da minha costa à mostra.

- Beleza. – o arruaceiro se aproximou de novo, concentrado. Destampou a caneta. Deitei de novo na maca, com o rosto virado pro outro lado. – Vou marcar tudo aqui. Quando terminar, vamos meter bala. Pronta?

- Ande logo com isso. – resmunguei.

Ele afastou meus cabelos e começou a esfregar a ponta da caneta na minha costa, desenhando cuidadosamente o que eu tinha pedido pra ele fazer. Roberuto se encostou na parede, olhando atento pra mim. Seu humor ainda estava intragável. Eu apenas fechei os olhos, tentando ficar quieta.

- Santa ironia... – murmurou Terphes depois de algum tempo. – Deve gostar muito de trabalhar pra Milícia, Lenna. Tatuar logo isso nas costas...

- Todo mundo precisa de um guia, Terphes. – respondi, sem paciência. – Alguma coisa que os faça lembrar de seu rumo. Eu só quero algo pra olhar e dizer “eu sei muito bem quem eu sou, e o que quero aqui”. Algo pra me lembrar das coisas que não devo nunca esquecer.

- Sei, sei... – ele parou alguns segundos, puxando o fumo. Apoiou o cigarro no cinzeiro, então voltou a desenhar, olhando um esquema em sua mesa. De repente, parou. – E isso aqui embaixo, o que é? Tuoj... Tourju... Turj...

- Toujours, criatura. É uma língua do norte. Francês. Dizem que se chama assim porque quem criou foi um homem chamado Henry France.

- E você sabe falar isso? Achei que só soubesse roubar e matar...

- Acha que nasci roubando e matando, idiota? – falei num tom de voz bem irritado. – Já tive passado uma vez. Ah, e não vá escrever errado. Ai de você se me errar.

- Ah, não se preocupe, pelo seu preço não vou cometer nem um errinho sequer. – ele sorriu, debochado, finalmente tirando a caneta da minha pele. Puxou mais uma vez o cigarro e deu uma olhada em seu trabalho. – Bem, a primeira parte já terminei. Devo continuar ou vai querer namorar no intervalo? Posso ir jantar enquanto vocês matam a saudade, dão uma rapidinha...

- Mais uma gracinha dessas e não vai jantar nunca mais, Terphes. – sussurrei. – Sabe como é, acho que lá em Nifflhein não tem comida...

Ele suspirou, apagando o toco de cigarro na mesa. Então, pegou um instrumento e ligou. Imediatamente um zumbido meio baixo encheu a sala.

- Vou começar. O problema é que seu corpo é muito resistente, acho que você não cai nem pra tranqüilizante de Bafomé. Por causa disso a anestesia também não faz efeito, então você vai ter que agüentar. E eu acho bom não ouvir choramingo por aqui.

- Pare de drama e acabe logo de uma vez.

- Ah, relaxa, vai ser rápido, sim. É pequena, não deve demorar nadinha. Depois é só contornar tudo e fazer o acabamento e a higienização. Agora...

O barulho foi se aproximando cada vez mais dos meus ouvidos. Fechei os olhos. Uma dor estranha, nem forte nem fraca, me atingiu. Mesmo assim, era agoniante.

- Isso dói... – reclamei.

- Cale a boca. – Terphes apenas continuou talhando.

Senti o bisturi ir cortando minha pele aos poucos, subindo e descendo, tracejando cada pontinho detalhadamente. Tive vontade de reclamar, mas prometi a mim mesma que não ia fazer isso. Roberuto me olhava atento da parede, os braços cruzados, com a mesma expressão séria de sempre, mas senti que ele estava um pouco preocupado. Dei um sorriso forçado a ele, e suas pupilas se apertaram um pouco.

- Relaxe, querido. Agüentei você me batendo, também agüento um nadinha desses.

Ouviu uma risadinha vinda do tatuador. Depois de um tempo que pra mim pareceram horas, com aquela mini navalha entrando e saindo das minhas costas, o ruído cessou. Aliviada, fiz menção de levantar, mas uma mão me deteve.

- Fique. Ainda tenho que higienizar. Vou fechar pra não sair a tinta e evitar que te dê alguma infecção maluca.
Ele voltou a mexer na mesinha. Começou a esfregar um pedaço de algodão umedecido no local, que estava extra sensível.

- O que está passando nela? – perguntou Roberuto imediatamente. Terphes não se deu nem ao trabalho de levantar o rosto.

- É só uma poção vermelha diluída. Vai fazer com que cicatrize e fique limpo.

- Porque não pode ser uma poção pura? – ele foi se aproximando.

- Porque a poção pura iria fechar a pele, e não é isso que queremos. Se fechar, a tinta é absorvida por completo e todo esse tempo que passei aqui trabalhando vai pelo ralo. – o algodão foi descendo, esfregando uma área seca.
Roberuto parou do meu lado e observou o trabalho. O arruaceiro parou minutos depois, esfregando uma toalha seca em toda a costa e levantando.

- Vou acender um cigarro lá fora. – apontou, já tirando o cigarro de trás da orelha. – Descanse. Depois eu desço pra pregar o curativo. Não demorem muito aí.

E saiu.

- E então, gostou? – sorri pra Roberuto, enquanto os passos na escada iam se afastando. – Ficou boa?

- Eu só espero que você tome banho vestida enquanto estiver com aqueles cultistas lunáticos. Se algum deles vir isso em você...

- Mesmo que me façam tirar a roupa, o cabelo esconde. Ninguém vai saber que essa tatuagem existe. – bocejei. – Só eu tenho direito de vê-la. E vai ser bom tê-la comigo. Vai ser nosso segredo.

Ele passou a mão na minha cabeça e me deu um beijo na orelha. Então, sentou na beirada da maca, fazendo cafuné.

- Tome cuidado lá, Lenna...

Dormi.



[OFF]
Ando lotada de trabalho na faculdade x_x Sinto falta do tempo em que eu deixava tudo pra cima da hora e me safava tranquilamente... chegou minha primeira nota: 2,25 na prova 1-1 do Moscoso (Eletrônica). A sorte é que na 1-2 já tenho 6,5 garantido por ter feito o exercício. Agora falta ver o resto... parece que tem uma lista de exercícios pra entregar amanhã de Cálculo, e eu não sei nem por onde começar. Espero que eu consiga matar isso amanhã com a Lene! xD

Vou tomar um danone e continuar Rpeando com o Aka no Msn. Isso tá ficando cada vez mais divertido /o/
Boa noite a todos (?) o/

Mon. :3

quarta-feira, 5 de março de 2008

[ON]
Arredores de Morroc, quadrante 03.
[13 dias antes do ataque a Akahai Shora.]
03:56 AM.


Eu lembro que nessa noite chovia bastante. Os relâmpagos não davam trégua, e uma das árvores foi atingida e caiu pegando fogo perto daqui de casa. Não sei como as chamas não se alastraram, já que tudo por aqui é mato. Acho que foi por causa da própria chuva.


Minhas costas doíam, aliás, meu corpo todo doía, por mais que Roberuto tivesse me tratado melhor que qualquer enfermeira profissional a semana toda. Mesmo assim, ainda tivemos a audácia de fazer amor por quase a madrugada toda. Já era quase 4 da manhã quando nos soltamos. Queria me deitar; a única coisa que queria naquela hora era fechar os olhos e só abri-los em uma semana, mas quando fiz menção de me estirar na cama, ele me segurou.

- Fica aqui... – sussurrou. Estava sentada sobre o colo dele, de costas. Ele enrolou os braços em minha cintura e deitou a cabeça em meu ombro.

- Quero dormir... – chiei, mas não deu pra disfarçar que estava feliz. Na verdade, quando ele me abraçou não quis saber de mais nada. – Não está cansado?

- Estou, mas quero falar com você antes. – suspirou ele, trançando as mãos nas minhas. Fiz menção de me virar, mas ele não permitiu. – Não, fica assim... não sei quando vamos poder fazer isso de novo...

Suspirei também, jogando a cabeça pra trás. Senti o pescoço dele encostar na minha nuca.

- Eu sei que não vai haver jeito de te impedir, não depois desse treinamento todo. – começou ele – Sabe, você teve uma tremenda força de vontade esses dias... mesmo assim, quero te pedir só mais uma vez: não vá.

Tive um calafrio horrível nessa hora. Ele percebeu (não tinha como, estávamos mais colados que sola de sapato), mas fingiu que não aconteceu nada.

- Você sabe mais do que qualquer um de nós que essa missão é extremamente perigosa, e a idéia de você correndo perigo não me agrada. Não me agrada mesmo. Estará sob risco constante lá, não só por parte da Milícia, mas do Culto também...

- Roberuto...

- Não, Lenna, ouça. Se está fazendo tudo isso por sua irmã, nós podemos trazê-la pra cá, aqui é um lugar seguro... eu e Robby vamos protegê-la pra você... não só ela, como qualquer um que você queira... é só pedir... é só dizer que não vai mais fazer isso...

Abracei-o da melhor maneira possível. Queria tanto olhar nos olhos dele na hora em que disse isso tudo...

- Você sabe que eu não sou muito bom com palavras e sentimentos, mas eu preciso deixar isso claro pra você. Eu não quero que você vá, tenho medo de que aconteça alguma coisa a você... – ele aproximou os lábios bem perto do meu ouvido, como se temesse que eu não ouvisse. – Lenna, eu te amo.

Demorei um tempo para responder, mesmo estando louca pra responder. Era a coisa que eu sempre quis ouvir.

- Também te amo...

Fomos deitando novamente.


09:37 AM

Quando acordei de novo, vi que ele ainda estava lá, olhos abertos e fixos em mim. Parecia ter ficado acordado o tempo todo, como se eu pudesse desaparecer em um simples piscar de olho.

- Bom dia. – sussurrou, levando a mão no meu cabelo de novo. Estava começando a me acostumar com isso. Por estar cansada, apenas acenei com a cabeça e bocejei.

- Tô com fome... prepara alguma coisa pra mim? – pedi.

Ele sorriu e me deu um beijo. Levantou da cama meio eficiente, quando me deu uma idéia esplêndida.

- Rô? – chamei, agarrando um travesseiro. Não consegui conter o sorriso maroto. Ele se virou. – Casa comigo?

A princípio, ele só me encarou, meio atordoado, pensando se tinha ouvido direito. Então, perguntou.

- O que disse?

- Perguntei se você quer casar comigo.

- Lenna, você sabe que eu não sou muito de ir à Igreja...

- Não tem problema. – fui levantando; ele também foi se aproximando. – Só precisamos do noivo, da noiva e de uma sacerdotisa... e sei exatamente a quem chamar... sabe como é, se posso acabar não voltando dessa aventura, acho melhor fazer agora as coisas que sempre quis fazer...

Roberuto sorriu e me abraçou.

- Caso. Eu caso com você, sim.


[OFF]
Pois é, mais um profile... eu achei esse particularmente fofo! /o/ Ainda falta escrever a cena do casamento propriamente dito, mas eu tô com um pepino de um trabalho de eletrônica pra resolver x_X'

Meus professores tão atolando a gente de trabalho! Tô até ficando nervosa... a sorte é que arrumamos mais um lesinho pra nossa party do Projeto Interdisciplinar. E pasmem, o sujeito joga pbRo... xDDD Eu e a Lene só atraímos biruta, só pode. xD

E agora que está confirmado que Larilia e Yuki vão mesmo existir, as coisas pros role-plays vão ficar muito mais divertidas! \o/

No mais, é isso.
Cya! ;3

Monna.

domingo, 2 de março de 2008

O começo

[ON]
Arredores de Juno, quadrante desconhecido.
20:38 PM.


Tudo aconteceu muito rápido; fomos convocados em caráter urgente por Akahai Shora para ir atrás de um suposto militante do Culto a Morroc, que segundo ele, iria tentar roubar um dos amuletos do demônio. Reunimos o grupo e partimos o mais rápido possível a Byalan, onde o suspeito fora localizado. Porém, não foi só ele que encontramos: Kieru Ookami também estava lá, e sua primeira providência para tentar chantagear Akahai foi me tomar como refém. Maldita hidrofobia... acabei me enfraquecendo, tudo por causa desse maldito medo.

Foi uma situação difícil: por medo de me machucar, os membros do clã não me atacaram, e Piedoroshi realmente entrou em desespero. Entretanto, todo o cuidado deles não valeu de nada: Akahai resolveu atacar apunhalando Kieru com a espada, e eu como estava no caminho recebi todo o golpe. A sorte é que fui curada, e Pietro me ajudou. Ele estava realmente preocupado comigo... isso é bom. Ao menos sei que ele cuidará de Lilium decentemente.

Levou algum tempo para o corte fechar. Mesmo assim, fui andando com o resto do grupo até o outro andar da caverna, ainda meio assustada pela droga da água. Ao chegarmos no segundo andar, Kieru atacou novamente, e Akahai e ele travaram uma batalha. Porém, sem vencedores: um estranho relâmpago nos atingiu em cheio, e caímos, eletrocutados. Tentei me mexer, mas não consegui. Será que, no fundo, não consegui aprender nada com o treinamento do Roberuto? Depois de quase um mês tentando aprender algo com ele, assim que se voltarem contra mim vou morrer? Merda...

Sophia Asagao apareceu também nesta hora, mas não só ela: um homem encapuzado, de nome Ryan, dizendo-se cultista, apareceu. E ele logo mostrou que não estava mentindo. Sophia tentou ajudar-nos, mas foi difícil. Piedoroshi foi um dos mais afetados pelo choque, demorou pra se levantar.

Foi então que Ifaro sussurrou em meus ouvidos, e percebi que, pela primeira vez, ele tinha razão. Se eu queria fazer aquilo, essa seria minha chance mais perfeita, e eu não deveria desperdiçá-la. Então, me despedi de Pietro, caminhei até Aka e puxei a adaga. Cravei-a bem no peito dele, como nunca tinha feito com ninguém, e admito que me doeu muito ouvir o grito dele. Entretanto, era preciso.

O cultista acabou me teleportando para perto dele bem no momento em que estavam pra me atacar, e me protegeu. Consegui convencê-lo de minha lealdade para com Morroc... disse a ele que queria poder, algo que a Milícia nunca me daria. Então, ele invocou uma criatura, que atacou os milicianos, e fomos embora. Estamos agora em uma casa bonita e bem decorada, mas não sei direito onde fica. Só sei que estamos em algum lugar perto de Juno. Logo Juno... que ironia.

Piedoroshi parecia extremamente abalando quando partimos. Nunca pensei que fosse conseguir fazer isso...entretanto, estou contente. Consegui ser gentil com ele ao menos uma vez... espero que ele consiga cuidar de Lilium sem transmitir pra ela o ódio que se fez nele por mim. Espero que Roberuto esteja bem, não faço idéia de quando o verei novamente, nem sob que circunstâncias... e espero que Lilium me perdoe um dia.

Porém, apesar de estar contente por tudo ter dado certo, esse vazio no meu peito é tão grande que acho que nem todo o poder de Morroc poderia preencher. Meu Deus, espero que acabe logo tudo isso...

[OFF]

Foi um rp sensacional ^^ E confesso que até eu tive medo quando o Akahai me mandou PM falando que eu ia traí-los antes do planejado... entretanto, tudo correu perfeitamente, e agora Lenna é a inimiga pública nº 1 do Akahai xD

Queria postar logo aqui as torturas da Lenna, mas ainda não terminei de editar, então tá esquisitão @_@ E ainda tem mais uma conversa super íntima dela com o Roberuto, mas seu postar estraga a surpresa ^^ Então, melhor deixar pra mais tarde, quando a poeira baixar xD

Lenna.